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porque elas são afetadas rapidamente por mudanças ambientais. (Foto: Divulgação/MMA)
Como foi criada por pessoas desde os quatro meses,
ela não aprendeu a caçar e terá que viver em um criadouro conservacionista
em Santa Rita do Passa QuatroSP. Foto: Robson Czaban-Ibama/divulgação
Cego é você - se insiste com olhos abertos
Não fosse Deus a perdoar Eliana em culto fervoroso na cadeia da penitenciária de São Paulo, ainda restaria Marins a crer na inocência da delinquente de espírito marginal. Deus à pureza do perdão ouviu as preces da dona da Daslu, e aos ouvidos do advogado, do diabo, com qualquer justificativa legal, concedeu-lhe habeas corpus, pois, 94 anos de prisão, em primeira instância, para a ré tão cheia de convicções cristã, ‘jurou até que não prejudicaria mais, nem voltaria a delinquir’, ‘eu não represento risco para a sociedade’. Se voltasse à liberdade, seria justo necessário. Às Vias de fato: redefiniremos novos conceitos a julgar o mal pelo mal aos necessitados esdrúxulos, pois sonegar recursos ao Estado, ainda nenhum legislador entendeu que é tão pior igual quanto matar em discussão de trânsito e ou na faixa de segurança do pedestre nas ruas do Brasil. Claro que é! Pois se morre descuidadamente e aos pouquinhos a dor se desfaz, à míngua da segurança pública. A dor física, a carência é sempre uma dor, mas a necessidade são dos outros, desafortunados cidadãos.
Eliana é mais sábia na arte de lesar cristãos, menos fervorosos, incrédulos que se mantêm pobres à margem da Lei e sem sobrenomes, não deveria mesmo passar por privações presa junto a outros detentos condenados comuns. Essas outras criaturas prisioneiras da Justiça não foram ouvidas por Deus nem tinham advogados tão bem constituídos, pois, assim, não merecem ou mereciam a liberdade. Disse advogado de Eliana: - 'minha cliente não oferece risco à sociedade'. - Imagine-se só, se oferecesse! Não sobraria nenhum tostão a beneficiar as gestões públicas da cidade, dos municípios? Eliana e o irmão mais outros seis condenados à primeira instância a 94 anos de cadeia, também recorrerão em liberdade. Dizia Eliana enquanto presa: - 'eu sempre acreditei na Justiça Brasileira’, - outros diriam apenas: Deus é fiel.
Os argumentos pro habeas corpus foram vários, todos recheados de belas palavras, preenchendo as lacunas a olhos cegos da Justiça, à liberdade dos trâmites, ditos legais. Também ninguém sabe se vale a pena prender marginais, mutreteiros, velhacos, fraudadores das finanças públicas, sonegadores, pedófilos, políticos desonestos e safados, ‘roubadores’, ‘furtadores’ de galináceos em supermercados e em feiras-livres, traficantes ou pederastas; até papagaios verde-amarelos, brincalhões disfarçados de meliantes e pombos-correio delinquentes; pois, todos esses marginais se assemelham ao fato à delinquência, contudo, têm ‘os benefícios da Lei’. Entretanto, há um imenso grupo marginal sem privilégios, para alguns incrédulos a ‘Justiça brasileira’ não consegue a liberdade aos pecadores reles, pois não há tempo para arrependimentos informais. Apegam-se unicamente à Justiça de Deus de corpo e alma, e à teoria da divina salvação. Mas por má sorte ou despreparados à sorte a qualquer indulto divino que se cumpra a fé pública, somente, às vezes, não basta. Pois, então, esses os esquecidos ameaçam a ordem social.
In Cartas e contos - março 2009