domingo, 29 de junho de 2008

"Somos seres cheios de paixão. A vida é deserto e oásis"


Witman morreu no dia 26 de Março de 1892 e escreveu entre tantas coisas, o texto que se segue
“Não deixes que termine o dia sem teres crescido um pouco sem teres sido feliz, sem teres aumentado os teus sonhos. Não te deixes vencer pelo desalento. Não permitas que alguém retire o direito de te expressares, que é quase um dever. Não abandones as ânsias de fazer da tua vida algo extraordinário. Não deixes de acreditar que as palavras e a poesia podem mudar o mundo. Aconteça o que acontecer a nossa essência ficará intacta. Somos seres cheios de paixão. A vida é deserto e oásis. Derruba-nos, ensina-nos, converte-nos em protagonistas de nossa própria história. Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua: tu podes tocar uma estrofe. Não deixes nunca de sonhar, porque os sonhos tornam o homem livre.” Walt Whitman

Apetite Natural

Ao simpático e querido casal Paulo e Márcia

Feito ao olfato odores da pele
a carne posta à tua mesa santa,

Tu és o primeiro, a primeira a sentir o sabor
dos sais da minha fantasia,

Se Tu vens à fome, então coma de tudo e repita a
tantas vezes ao paladar da fartura,

As delícias nuas nas cores cinzas,
das nuvens verdes do sonho, aos olhos
do apetite - piedosa Maria.

Pois ao menos rude é a tua ganância cega dos prazeres à mesa.
Coma!

Mas depois arrote o azedo à insatisfação do destino ao paladar
insosso das manobras vivas das malícias, das indelicadezas do
instinto soberbo natural.

A mesa está posta é farta à tua juventude nobre, é por isso arte.
Coma!
Não tarde ao tempo ingênuo que se junta aos cantos longe do céu,
nem por isso, negue à felicidade,
enquanto aos gemidos afagas risos.

Em lágrimas doces, vêm teus prantos e os meus juntos, risos choram,

São os teus ais iguais aos meus.

Aos homens escolhidos, esse dia é das celebrações à vaidade santa,
Tu és tão ingênua quanto a mim,

Se o apetite for semente in natura, desprovido de argumentação.

Bem, Tu sentaste à mesa e ao meu lado,
Tu comeste deste fado o manjar necessário,
aos hilários espíritos latentes das almas,
e dos desejos,

- Ao que nasceu -Sejamos então felizes.

In Verdades – jun 2008

domingo, 22 de junho de 2008

Macega -capim dos campos

Felipe Massa - vitória no GP da França - G1 globo.com - 22-06-08
As pessoas andam doentes e tristes,
Muito doentes inconstantes e ligeiras.

Parece que existe mundo epidemia de males,
E de noturnos, tudo decorrente de expectativas,
Verdade inteira em si, em vão, em passos retos,
- Absolutamente.

Arribam-se daqui as esperanças fúteis em galopes lentos,
Pântanos pegajosos, precárias estradas cruzam os limites.
Contundentes estéreis e febris espinhos torpes da aridez.

E tu me fizeste o que bem quiseste,
E tu me disseste o que bem quiseste.
- Ouvir-te-ei sempre.

E entre os outros nós das estreitas amizades,
Tantos existem cópia fiel de tristes burocráticos,
Administrando ruínas em ventanias dos oceanos,
Ou em temporais de densas chuvas malogradas
Em bucólicos cerrados hirtos de quintais suspeitos.

Vês como as pessoas estão noites indiferentes, - não.
- Não é por acaso ou por razões tuas.

Quase não se notam à toa, e aflitas as impressões,
Multiplica-se em moedas caras, incolores retratos,
Pálidos das viagens ao redor dos cerrados daninhos,
Espinhos rasteiros, caatingas brancas das desilusões.

As luzes são essas que não se apagam, arde o tempo.
Não anoitece sem o frio da noite, cintilam as pálpebras,
Não cerra os olhos aos 4 cantos e o vento da distância

Afoga-te em dores lágrimas – vence tu!
– Ouça o hino da esperança!

In verdades - jun 2008

sábado, 7 de junho de 2008

Namorados - Ad Amor

Ad Amor - 08 jun 2008

l’Amar fin’à la morte ad Amor piace

Se tu vens a mim e trazes,
Contudo, as minhas dores,
Fico satisfeito o ser e tanto.
Sou feliz.

Mas te vejo tristes prantos em mim,
Porque me trouxeste às distâncias,
A minha angústia, seja ainda assim,
Sou feliz.

Não me canso de me sentir contente, se tu
Não vês a quão fortuna a’ora me chegaste.
Sentemo-nos à sombra desses ares verdes,
Enlacemo-nos as mãos, sejamos só felizes.

Vimos nas árvores coloridas das manhãs de junho
Risos e nas sombras das tardes que nos prendem
Aos laços do estreito amor e da cúmplice amizade,
Sejamos o amanhã, seremos reis dos mais felizes.

Ao fruto a providência divina nos recicla nos transforma.
Somos num só sopro os ventos qual passeia na cidade.
Ouvido das plantas, a geração dos frutos maduros rara.
A colheita farta de quem o futuro promissor nos espera.

Passemos este dia de costum’ em brancas nuvens lidas,
Deste vasto céu sofrido e das sombras desguarnecidas.
Pois, os sonhos vão-se ao longe chegar ao infinito olhar.
Dos tempos que nos falta, sejamos agora mais felizes.
In Verdades - junho 2008

sexta-feira, 6 de junho de 2008

L'Infinito

Baleia Orca passeia na Barra da Tijuca - G1 globo.com
Giacomo Leopardi (1798-1837) - www.marche.it

Sempre caro mi fu quest'ermo colle,
E questa siepe, che da tanta parte
De l'ultimo orizzonte il guardo esclude.
Ma sedendo e mirando, interminati
Spazi di là da quella, e sovrumani
Silenzi, e profondissima quïete
Io nel pensier mi fingo, ove per poco
Il cor non si spaura. E come il vento
Odo stormir tra queste piante, io quello
Infinito silenzio a questa voce
Vo comparando: e mi sovvien l'eterno,
E le morte stagioni, e la presente
E viva, e 'l suon di lei. Così tra questa
Immensità s'annega il pensier mio:
E 'l naufragar m'è dolce in questo mare.
Tradução:
Sempre me foi cara esta erma colina
e esta sebe, que por toda a parte
do último horizonte o olhar exclui.
Mas sentando e admirando, intermináveis
espaços para lá dela e sobre-humanos
silêncios, e profundíssima quietude
eu no pensamento me finjo; onde por pouco
o coração não me amedronta. E como o vento
ouço sussurrar entre estas plantas, eu aquele
infinito silêncio a essa voz
vou comparando: e me sobrevém o eterno
e as mortas estações e a presente
e viva, e o som dela. Assim entre esta
imensidão se afoga o pensamento meu;
e o naufragar é-me doce nesse mar.

mai - 2008