segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Quarteirões -bairros e quintais!

globo.com 15/09/2008
nova espécie -Martialis heureka- vovó das formigas- descobrta na Amazônia

Quarteirões - bairros e quintais!

Ainda bem que a cidade não carece mais de demagogos, para seguir o predestinado progresso. Às vezes, São Paulo se aborrece e se agita. É o cotidiano violento: assalto à mão armada, homicídios, rebeliões nos presídios, abandonadas crianças, congestionamento nas filas das repartições públicas e de bancos famigerados, quilômetros de engarrafamento nas ruas, muito trânsito de autos e gente, buracos nas vias públicas, poluição generalizada, o sol ardente e tantos outros álcoois nas ruas inconseqüentes.

Os paulistanos são submetidos todos os dias a desordenado progresso e para desconsiderar mais ainda as vidas, a chuva escassa, abundante o sol da seca estação. São Pedro teve lá suas desavenças com São Paulo, todo bom cristão sabe disso. O apóstolo Paulo foi por tudo sábio, talvez, cobriu a ineficiência dos administradores do chão pecador, e a deixou a seus co-cidadãos a dor mais cristã.

Nessa temporada de aviões sem pistas, deu-se o caos, bastou chover algumas horas para a cidade mostrar as provas do descaso e do apagão do dinheiro do contribuinte e se não bastasse a educação, o transporte e a saúde pública serem exemplos de horrendo babel. Os córregos, os bueiros, as favelas, os grandes esgotos-rios correm e deságuam os vestígios nas marés ameaçadas, em ritmo de tanta gente, mostram-nos as caras em agonia.

Logo aparece o político bom, traiçoeiro homem, velhaco, e funcionários medíocres da esperança do povo, a discutir “a competência” da desilusão. O governo médico deita-se sobre um croqui de gráficos aparente colorido e de “lembranças ruins de outras administrações da cidade”, gesticula-se e tenta se justificar ao óbvio, a falta de investimento em infra-estrutura e política de base, o discurso do blá blá blá argumenta à situação.

Mas não “dá diagnostico” a patologia dos males podres da cidade nua. Conhece a origem do mau e acusa os correligionários de serem omissos contundentes em investimentos à precariedade.

Não demorou a resposta do síndico, economista: os culpados pelas enchentes, desaparecimentos de pessoas, infanticídios e alagamentos de vias baixas é culpa de São Paulo que não fez politicagem, nem conchavo com São Pedro, santo padroeiro dos munícipes, nem com os bandidos: os rios são dos povos, não são dos municípios, ou são. O governo daqui e de lá não repassam verba para os municípios, verbi gratia, teria dito o síndico.

O forte do administrador é o “discurso da competência”, no mundo não há ninguém tão capaz de “fazer” tão quanto o “faz”, cálculos em bilhões são esmiuçados em segundos aos ouvidos de ninguém – alheios ignorantes - contribuinte leigo passivo.

Recentemente em palco eleitoral, esbanjaram-se o verbo “fazer”, tal senso crítico era voraz às administrações anteriores, principalmente, a das ex-síndicas. As críticas tanto do bem quanto do mal eram para os rivais, inclusive ao cidadão mal educado, que joga lixo em qualquer lugar, e cospe, escarra indignidade nas calçadas quebradas e sujas, e abandonam as crianças cuja dor cuja cor não cabe na lixeira dos quintais.

Contudo, e agora José? A chuva estiou-se, com quem fica a chave da cidade, perdida? Então, ficaram os entulhos e as lamas. O barro secou as pragas, contudo, ainda, virão as maiores eleições: à presidência do planalto ou, a menor da hipótese, às câmaras e ao município. São Paulo não carece de promessas vãs nem de fiéis hipócritas discípulos de Jesus, mas exige eficiência dos santos reis. “E agora José?” A saúde à espera de são nunca, ‘inda não cansou de morrer.
In verdades - 24 mai 2005

8 comentários:

Unknown disse...

Viana peço desculpa furar o seu comentário para lhe fazer um convite, apesar de ter lido em algures que tem o seu tempo muito ocupado, não deixei de reparar que gosta de escrever crónicas com uma certa fluidez agradável. Será que aceita participar na minha lista portuguesa mas com alguns membros brasileiros e argentinos para publicar as suas crónicas e se quiser participar com comentários, opiniões, leituras silenciosas ou ruidosas, enfim tudo o que pode estar ligado a literatura e opinião social.
se estiver interessado entre em contacto comigo pelo e-mail:amsoarescosta@gmail.com
Ana Maria Costa

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

seus textos sempre impecáveis professor.Aqui leio, gosto, e aprendo.Um abraço.

Vivian disse...

...beijo as mãos e acaricio a inteligência do professor...muahhhhh


lindos são seus olhos do pensamento...

e esta dona formiga, até que ficou lindinha de loira...rssss

já estás favoritado lá em casa...

Anônimo disse...

Meu caro amigo Simão, tive um tempinho somente hoje, vim ler os teus vilarejos, estão pilicamente abandonados, mas quem sabe, mudem os síndicos! é época de eleiçoes...
bom dia! um gde abraço,
Marquez.

Unknown disse...

Caro Simão, uma crítica bem pertinente e colocada de forma estratégica. Estou com meus botões imaginando quem são os síndicos e os santos!
Mas que formiguinha feia heim!

Fragmentos Betty Martins disse...

.olá querido amigo












.cheguei!!!_______das minhas férias:)


obrigada pela visita.e pelo carinho da leitura.e.da.palavra


.agora é só mesmo um___olá!
volto mais tarde para ler e comentar








beijO_____C_____carinhO

Vanuza Pantaleão disse...

"E agora, José?" Com esse curtíssimo questionamento existencial, um mineiro de Itabira, o Drummond, colocou "o dedo na ferida" da ganância humana...Até quando?
Contudo, a Primavera chegou...
Bom dia, Simão!!!Bjsss

Anônimo disse...

Olá Simão! Tudo bem?

Lí Quarteirões, ainda que rápidamente, tão logo você me avisou da postagem.
Dei uma olhada em "Da sertanizaçao..." É longa. Lerei com mais vagar em outra hora.

Mauro