VAE SOLI !
... muita gente já sabe disso de
longo-tempo e diz saber daquilo que
ainda vai fazer – não eu não sei... não
sei nem sei saber por que... a mim interessa saber? ter a dúvida em si – não eu
não tenho dúvida, já disse uma vez que sou completo... nasci completinho, pronto
para o mundo e viana martins... é isso! – eu não perdi nem pedi nada... um dia
me viram nascer e me deram contentes à vida, me registraram à fiel completude...
pois não poderia ser diferente visto que chorei e me confortei ao doce-leite de
minha mãe, mamei, aspirei os ares do planeta... senti as dores... fui visto nu igualzinho a ti enquanto dormias ao sono do
não saber por que...
agora, em incertos ventos que
viram o mundo e atordoam teus pensamentos, encostado à parede, distante ao céu
à cortina das nuvens me perguntas se eu sei de quê te atordoas... eu não ! eu
não sei... para quê saber? - Se sou único igualzinho aos teus pensamentos, então,
minha missão na terra é saber compreender o quê não sei e o nosso caminho, se
quiseres dizer assim, é mistério... mistérios por quê saber, porque não sei...
mas se te tentas saber “coisas
demais”... sei que sou um animal vida elefante da manada perdida dessas reses,
gados da terra... sou árvores nas florestas escassas... sou fruto a cair e a
germinar todos os dias... sou o rio-doce dos peixe e dos mares sou a grande
criatura-sal a zelar pelo o quê não sei... te peço, não invente quaisquer
missões temperamentais, basta o sonho dessa vida-ser... basta-me o peso-leve da
consciência... a gratuidade de não ter vindo a cumprir nenhuma missão nem
especial no planeta a não ser apenas viver o completo ciclo de não saber o
quê...
veja ao teu redor o espaço
ofertado a tua dúvida insana... a luz do sol, as casas de pedra e areia, os
lagos sujos dos pássaros encharcados, o perna-de-pau que se levanta e cai ao
barro estúpido-polido dos construtores a subir palácios a dar-se explicações
monumentais... e ainda não sabes por quê... e os automóveis, o avião notícias
de ter varado o céu pra longe a outros sertões, à noite a lua-cheia, o santo da
tua consciência, os odores dos lixões, os restos noturnos sem visão, o pássaro
soberbo da tua fantasia, alegoria egoísta, medíocre ilusão, essa tua miragem de
gato-andante faminto sem pão.
nesse instante de reflexão vou te
contar o meu segredo, sem expectativas, pois são iguais ao teu... a
originalidade se anula à banalidade dos vícios, em tudo que imaginamos fazer
somos iguais, mais semelhantes é a luz que te ilumina a paciência de ser e de
esperar o quê na impossibilidade de ser – tu não verás, porque eu anoiteço à
luz.
28.mai. 2013. In Verdades