domingo, 15 de novembro de 2009

Poema sem versos




Foto: São Paulo - out 2009

AVDI VIDE TACE - SI VIS VIVERE IN PACE
Você não me incomoda. Tu não me incomodas.
Eu sei. Eu digo: - eu sei.
Mas eu tenho outras esperanças - diferentes enganos.
– Você sabia? - Tu sabias?
Escorei-me neste divã rude e cheio de dores. Em ti, em você,
criei desculpas às acomodações, às perdidas expectativas,
Fomentei-as ao divino verbo, e agora minto para mim.
Sem nos conhecermos, ouvimo-nos e sentimo-nos à hora exata
a mesma dor. Calamo-nos, então.
Pois a todos nós não nos falta o incomodo da postura realista
da vida incomum do que não somos nada. Nunca fomos!
Você sabia. Tu sabias.
Outro dia, desses malgrados dias cujas notícias são sorrisos perdidos,
a indiferentes interesses, bateram-me às costas: - Olá, como vai!
Como vão os anos vividos? - me indagaram. – Eu disse também olá!
Mas dos anos vividos eu não sei nada. Não os vi.
Mas por que eu deveria saber do paradeiro desses anos curiosamente?
- Porque eu não sei, parei ao silêncio. - Respondi somente dos anos
que eu sabia, sem mais compreender a árvore muda à qual cheguei.
Se pouco fruto deu a minha escolha rara desse sonho, um fruto doce
realizou. Você já o viu, você já o sentiu à felicidade do frescor dos
meus anos amanhecidos.
Então, não me veja assim ao acaso nessa jornada de argumentos tortos,
pois a construí com o legado do trabalho livre e disperso. Contudo,
cheguei aqui nesta Corte da meia-idade lúcido, juntei-me aos
outros vencedores, idealizadores de fortunas, para comemorar um feito
ao doce, ao vinho do meu sangue.
No dia dos meus aniversários, convidados e não convidados riem sozinhos
por contentamento, presumo. Não há discórdia nem falam alto, comem e
bebem minha lágrima em gotas d’ água in salada verde, tons amarelados.
Parecem-me divertidos, somam-se a outros discursos do que foram,
do que são e provavelmente do que serão amanhã,
às segundas-feiras.
Pois, assim, quem vem quem veio ao meu aniversário já viu, ouviu,
vê agora de tudo colorido, e sente à noite deste novembro cálidos
prenúncios do bom tempo.
Se frio o céu escuro de quem deixou longe as esperanças,
contínua e complacente as águas dessas fontes transparentes,
cachoeiras originais sem serem diferentes. Pois, então, fiquemos
assim desse jeito atento a olhar sobre os ombros o infinito,
sem nos darmos conta - neste dia – do pouco ainda que realizamos,
porque a distância diante dos olhos que se reparam é a história afinal
de cada um de nós - vale visto do cimo da montanha.
Sejamos por todos reunidos e felizes ao encontro casual à ordem merecida,
de modo, a saber, dos anos ditos fios d’ouro branco, amanhecidos outonos
de primavera tropical. Aos ares, as nuvens e as conversas,
os sem-fins discursos orgulhosos se produzem ao promissor porvir.
Cesse os argumentos por que fomos iguais, por que queríamos
ser diferentes, por querer ser coisa alguma do que não fomos,
por que sejamos ídolos de nós por que pensamos amar por inteiro
os nossos filhos, os nossos verdes outros pais.
Você não me incomoda, tu não me incomodas. Assim, como um sonho,
vêm-me às lembranças os teus martírios, os teus desejos.
- Somos o sumo do que fomos, presumidos!
Você sabia – Tu sabias.
In Verdades -15 nov 2009

sábado, 5 de setembro de 2009

Então !

Darius - the Great [521-486 BC]

Infância de Ciro, rei da Pérsia. Sebastiano Ricci (1659-1731)

Então, meu ilustríssimo amigo Alvorada! Como é de sempre muito bem sucedida a sua mensagem às expectativas aspirantes de um mundo muçulmano com a expansão do islamismo. Ouvi e li as legendas como quem se sentisse impotente de respondê-las de imediato, pois me surpreenderam as estatísticas, mas não me foram tantas as novidades das quais eu não as esperasse. A História do mundo -se for do decurso das civilizações -vem de muitos séculos perseguida, modificada e readaptada através dos tempos. Eu diria que é a metamorfose natural das histórias das sociedades dos homens, que nos convida sempre às novidades, ora pelo esforço do trabalho humano a adaptar-se às novas realidades sócio culturais, ora pelas alterações dos fenômenos naturais cujos resultados nos tornam dignos e contemporâneos da evolução na jornada da existência. A expansão da cultura oriental, em avanço ao Ocidente, tem tudo a ver com a movimentação das grandes massas de gente concentradas, nesse lado do hemisfério do planeta, da grande planície da Mesopotâmia. Imperadores como Ciro – o grande, Dario I e Xerxes I não mediram esforços para expandir os seus domínios entre outros povos. Nem Gregos – Espartanos brutos resistiram a tantos ímpetos; assim como os Romanos intransigentes e audaciosos impuseram tantos ímpetos a tantos povos conquistados.

Agora, podemos dizer assim: - são outros tempos- mas são as mesmas gestões dos mesmos provedores renominados, então, de Teerã e Iran, com um detalhe marcante e preponderante a mais: a fúria das religiões, do fundamentalismo, do fanatismo cego e do marketing de um deus comum a todas as bandeiras e estrelas de Alá, pois continuam as cruzadas em busca da expansão à redenção dos povos orientais, ora os asiáticos ao domínio das tecnologias. Ora a exemplo das religiões que a cada dia germinam em outras terras estrangeiras. Muitos dos governos importantes da comunidade Européia e das Américas já se dão conta desse prestígio expansionista, migratório e previsível. Constate-se às estatísticas surrealistas do vídeo em questão.

As religiões desses povos são muito mais antigas do que o Cristianismo ocidental. Não é novidade a eterna disputa entre árabes e israelitas por terras, maiores em nome de um deus incomum, tome-se a exemplo do Islamismo e judaísmo a bater às nossas portas todos os dias. Não nos falta o Budismo a nos tornar oriental a qualquer pensamento mais duvidoso ou distraído. Porque muçulmano, xintoísta, hinduístas, budista muitos de nós já somos pela própria necessidade anacrônica e ideológica das massas-gente em questão e em expansão. Eu não me espanto de nada tampouco me assusto, porque na ordem das manifestações culturais, entendo esse processo seja consequência do ciclo inevitável da gestão dos homens no universo conflitante das ideologias.

Então, não faz muita diferença ser ou não ser cristão, muçulmano, ateu ou seja lá qualquer coisa que se diga ser, pois os povos crescem e se movimentam, os interesses crescem aos domínios, e aos homens cabe insanamente abrir corredores indistintamente e indiferentemente aos outros donos de quintais, e se possível impor a fé e a língua aos conquistados. Assim fora, assim é, assim continuará o curso da História.

Percebo que os homens correm às pressas em busca de espaços, cada vez maiores às suas realidades, seja material, seja espiritual, seja somente pela ganância, pelo poder que fascina e que mantém o ego atávico e sedento dos conquistadores.
In Verdades - setembro 2009

sábado, 1 de agosto de 2009

Sol e Lua - eclips

foto: Wikipédia - solar eclips 1999
foto: G1.globo.com

Pizza – preferência ou referência quase nacional

“Todos eles são bons pizzaiolos”. Não é à toa a afirmação do Presidente Lula. Assim, o Senado da República é um forno à lenha muito especial e que dali sai iguarias tão saborosas quanto envenenadas para os brasileiros, muita gente sabe disso. Pois, a receita que faz a excelência da pizza nacional é a mesma que faz a excelência do descaso das gentes do Brasil, e ainda transgride a ordem dos símbolos da Bandeira em deboches - vivam os carnavais indecorosos! É a mesma que constrói os palcos da carência, é mesma que mantém a ignorância e o descontentamento nacional dos desprestigiados – viva o futebol! É a mesma que enriquece o Real dos privilegiados pizzailos das Casas Públicas, - viva sempre a Justiça cega -, bairrista imperial! É a mesma receita que envergonha e deixa obeso o Brasil, e o torna único a inocentar a corrupção, ainda faz entre a tantos atos secretos e não secretos o jeitinho do brasileiro indecoroso e sem vergonha. Pois a mais bem preparada receita vem desde muito tempo inalterada fórmula, a massa é grossa sempre faz sucesso e enriquecem gloriosos matreiros, engordam vigaristas oportunistas e os deixam pançudos e desnecessários à nação, a essa matéria-prima, quanto mais antigos os chefs mais perfeitos são os ingredientes, pois mais saborosos são os pratos da vergonhosa politicagem tropical, em nada comparado com a iguaria que a tantos brasileiros conhecem e apreciam. Entra Chef e sai Chef, mas o comendador será sempre o mesmo anfitrião, leigos suores do Brasil.

Nessa história de pizzas secretas muito mal explicadas pelo antiguíssimo chef e pelos costumeiros caciques, o mais ofendido foi o pizzaiolo das casas de massa, das ricas pizzarias, eu, modesto consumidor, che non mangio di piú due pezzi di quella, mi sono molto faticoso, pois, tais pizzaiolos arranjados da política brasileira são, na verdade, impostores, um sete um, dessa iguaria saborosa que juntou-se a nós e às cores verde e amarela. Quem dera se tal referência pudesse ser levada a serio! A boa receita da tal fartura logo se tornaria mais um sabor, mais uma opção perfeita para os sertões, do Maranhão ao Jalapão, desceria o São Francisco ao Vale do Jequitinhonha e à periferia do litoral nordestino, tornava-se receita milagrosa aos descamisados sem pesca.

Acho mesmo que não valeu a menção de fazedores de pizza a esses fardos pesados do ombro do povo. Pois, então, ratifique-se, senhor Presidente, não tome um santo nome em vão, chame-os de qualquer coisa menos lúdica, mais direta, que atinja só a uma categoria específica, porque o substantivo impróprio, inadequado, às vezes, causa dano moral e Real. A esses senhores do mal, eu os chamaria, com muito respeito, de impostores, saqueadores, invasores piratas da privacidade e do respeito Nacional.
In Verdade jul 2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009

às vezes, lembre-se da lei de talião

foto: in mensagem-email de amigo -jul 2009
foto: sunset - página da web
foto: página da web

foto: página da web in e-mail de julho 2009

Além do olhar de satisfação – praticamente humano!

Às vezes, repensar nos valores da FÉ faz sentido, ou melhor, desperta a quem a novos sentidos: renovam-se as opiniões, aprimoram-se valores fundamentais em doutrinas pré-estabelecidas e renasce-se fortalecido aos valores fiéis da vida. Não porque a fé esteja carente de renovação, desejando dos homens mais posturas, mais fervor em suas orações aos pedidos de conciliação com o Divino ou a outras alegorias do pensamento humano.

Nestes tempos de dias agitados e de esperança iminente à sombra, para muitos, a auto-afirmação de apegar-se a Deus, curar-se de todas as maldades acometidas aos outros homens é na soberba ignorância subestimar o próximo.

Pois nada mais justo, do ponto de vista do pecador, se arrepender de atitudes horrendas, neste caso, ceifou-se uma vida, pois se toma do princípio de que errar é humano e o arrependimento é o remédio da salvação mais conveniente, ainda que no íntimo do pecador a dor do próximo-vítima seja menor e que possa ser subestimada sob os princípios da egoísta fé ingênua, a que tal cristão se predispõe a ter.

Pois, o que se discute é o pecado ou não pecado que, embora seja uma herança cristã, se vem ao mérito ou não, não discutamos, então, nesse momento, mas se possível dentro da razão convicta de cada um pese o senso da justiça e que penda para onde pender. Pois assim é o vício da liberdade, mas não da impunidade na Democracia.

Porque se a atitude do mal feitor é somente uma questão de burocracia legal e democrática, e uma referência a mais ao entendimento da pessoa cristã para a piedade do pecado de “não matar o próximo”, desde muito tempo já deveríamos estar sempre pronto para dizer não à impunidade, não para a arrogância, não para a delinquência abastarda de qualquer país livre, não para os maus feitores, carrascos da boa-fé da cidadania do bem comum.

Deveríamos, então, desde já nos unir numa corrente de oração, e em tom bastante alto, implorar urgentemente a Deus também a justiça ou o mesmo fim do pecador ao purgatório dos homens, na pior das hipóteses, fica a tese de que o assassino confesso, covarde em si e impiedoso, irresponsável, passe o resta de sua vida preso, pois assim, isolado da sociedade, pague pelo crime “previsto doloso” que acometeu contra a vida humana.

Pois, esperar somente agora pela Justiça Divina, demoraria muito, e esse irresponsável cristão, que se julgava acima do bem e do mal, não ganharia mais tempo ócio, para atentar a outras vidas de inocentes.

Oremos então para pedir justiça das “Alturas” sim, mas, antes de tudo, uma ajudazinha acelerada da justiça dos homens, bem que poderia deixar aos órfãos familiares da vítima uma dor mais aliviada, mais democrática, sem sequer passar pelas lembranças a lei de talião: olho por olho, dente por dente. Pois quem sabe, tal cristão seja um inconveniente bárbaro ausente no tempo!

In Verdades – jul 2009

terça-feira, 7 de julho de 2009

Inversamente Proporcional ?

"A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados"
Mahatma Gandhi
"Virá do dia em que a matança de um animal será considerada crime tanto quanto
o assassinato de um homem"
Leonardo da Vinci
"Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, animal
ou vegetal , ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante"
Albert Schwweitzer (Nobel da Paz de 1952)

G1 – globo.com - Um porco de 360 quilos sobreviveu na semana passada após o caminhão em que estava ter capotado. Após escapar do acidente e de ser levado para o matadouro, o animal aproveitou para se refrescar na piscina da casa de LeAnn Baldy, segundo o jornal 'Arkansas Democrat Gazette'. Dos 90 porcos que estavam no caminhão que capotou, cerca de 60 sobreviveram. O animal que foi encontrado na piscina de LeAnn foi o último a ser capturado. (Foto: Reprodução/Arkansas Democrat Gazette.

Nestes tempos atribulados até os animais andam de sobressalto, uns a serviço do bem e do mal, transportando celulares e rotas de fugas a presídio de segurança máxima, pombo-correio, outros, animados papagaios pintados de palhaços, ficam à espreita a seus cruéis domadores, não disponibilizando a qualquer diligência expiatória pública. Muitos cães, a qualquer hora, sujando as calçadas, as solas dos calçados de transeuntes, contaminando os andares apressados de pessoas sem tempo para passear com cães vadios, alguns tosados, enfeitadinhos, perfumadinhos, trajados de bebês saudáveis sem tempo de despertar humanidades a nenhuma criança de verdade, mas ‘estressadinhos’, iguais a muita gente por aí. Li recentemente que em Cuiabá, Mato Grosso, as autoridades sanitárias estão preocupadas com a grande população de cães que cada dia aumenta mais. Imagine-se o quanto de sujeira, esterco desses animais nas periferias passam pelos pés descalços de crianças soltas que brincam nas ruas ou mesmo em seus quintais, preocupam-se motivos para outras pandemias.

Na verdade, os animais estão em alta. A Natureza está mais comentada, aparecem todos os dias no topo da mídia. As pessoas fazem de tudo para mostrarem-se preocupadas com a onda de salve o planeta terra, se ainda puder ou disfarçam muito bem. Entre outros motivos: acolhem animaizinhos em casa térrea sem quintais ou em apartamentos, ainda que sujem os elevadores, ainda que sujem as garagens, inconsequentemente a liberdade do vizinho. Gatinhos bonitinhos de vários pedigrees não fogem às regras nas estreitas varandas, e dos calorosos sofás miam e miam e respiram junto às criancinhas a asma, muitas vezes a causa morte da presumida inocência. Passarinhos engaiolados sem o sol sobrevivendo a alpiste e a água açucarada. Tartaruguinhas e peixes ornamentais, dizem que embelezam o ambiente, mas também a ignorância. Está na moda o verbete Ecologia, ciência da harmonia homem e natureza. Está na moda, mostrar-se pessoa preocupada com bichinhos silvestres, ditos de estimação!, menos com as crianças pobres e abandonadas nas ruas, a casos extremos a moda não pega. Está na moda, mostrar-se animal pensante do planeta, ainda que seja meramente por vaidade e egoísmo.

Não poderia ser diferente a regra das exceções, pois, o acaso às oportunidades cabe a todos os indivíduos naturais, uns moram e vivem por aqui na quase toda suja fartura tropical, a outro, vem de longe que se têm notícias, escapa da tragédia e do matadouro, presumido, à moda americana, reaparece em cena da inspiração hollywoodina em terapia, longe do vírus da gripe suína, sob o cuidado à carne saborosa, sob o afeto em doce piscina-azul da sortuda LeAnn.

In Verdades – jul 2009

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Neo Vulgar - 'visione del popolo'.

Luna sul mare -auguri.it
foto: Noah Berger/AP - Pabst eleito o cão mais feio de 2009, Califórnia (EUA).

foto: recebido e-mail de qualquer missivo - junho 2009

As nuvens do céu – imagem à semelhança?

Os homens passam e o vento alheio os acompanha
É hora do almoço é hora do lanche são horas doces
É hora da tarde vêm às horas moças entardecidas e
Vem-se à noite o homem aves desenhadas de deus

Então, veja-se no céu as suas lembranças et similar
Desenhe-se aos chips das nuvens altas e insinuantes
Ao gosto se insinue à imaginação ao posto do poente
Os pensamentos dão-se as presunções seu horizonte

Disse-me de vez o remissivo: constate a face de deus
No céu dos homens que se espelham verem-se santo
Imagem da ilusão e da incerteza vertiginosa da altura

Ser igual se sois o único traço da vida de sonhos e de
Um dia ter-se haver compartilhar-se desta desventura
Veja-se Eu remissivo sê igual seja metáfora teu desejo
In Verdades – junho 18 2009

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Meu caro Amigo!

O Gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus)
é um gavião da família dos acipitrídeos, que
em todo o Brasil. Carnívoro e se alimenta
de animais como aves, répteis,pequenos
habita florestas densas.
Ficheiro: Macaco-prego Manduri 151207 REFON .jpg

Mendigos, excluídos ou desfiliados?

Meu caro Dianes Moreira! "coca cola é isso aí!" "beba coca / babe cola / cloaca" você se lembra !?, Pois é! Nunca deixou de ser assim ao longo dos anos políticos, nem a propaganda dos anos 90, nem os versos de Pignatari deixaram de ser tão atuais. Mas se as Casas Públicas: Senado, Câmaras, Ministérios, Palácios de governo, Prefeituras, Subprefeituras são, antes de tudo, verdadeiros antros de interesses particulares de escusos interesses, toda a nossa geração e gerações mais recentes e bem informadas já sabiam, ou melhor, sabem. Imagine você se a política fosse praticada à moda Draconiana, à moda seleta de Atenas, ainda, à moda exemplar do citado Arnold Toynbee, as Democracias do mundo seriam um verdadeiro fracasso em papel timbrado da História, reduto de informações inúteis, pois impraticáveis.

Embora, o texto que você gentilmente me enviou tenha cunho aparente de veracidade, não se exclui as entrelinhas nem as alusões do autor bem intencionado às auguras do sectarismo partidário, mostra, em tese, a transcrição do nome do Presidente da República atual com dois “élles”, a uma alusão demagógica ao Ex-Presidente deposto democraticamente pelas razões conhecidas dos brasileiros, acrescentado dos piores motivos, que envergonham “a casta” da política brasileira. Pois, talvez não saiba que o grande patrimônio individual das Democracias sempre fora a hipocrisia.

Pois fica claro o recíproco assédio político dos protagonistas, mas se o carinho, o afeto e a sedução são armas sábias da natureza animal, nesse caso, pode-se dizer e generalizar, é dos animais irracionais tanto a sobrevivência quanto os atos praticados marginais dos políticos viciados às mazelas, às vergonhas aos descuidos das necessidades da grande população brasileira.

Há de ser esclarecido de que tanto a senadora quanto o presidente do senado são políticos, raposas incontestáveis, um é vestígio arcaico e rançoso do sistema brasileiro, sem dizer do mérito contextual de sua história recente, a nós contemporâneos. A outra militante ativa defensora do bem e do mal às escondidas, base sólida do governo, pois se não for desse modo, não há governo legal constituído, pensam os maus intencionados. Pois assim entendo seja a máquina da democracia: burocrática, engenhosa, produtiva, malvada e matreira do governo. Entretanto, cabe ao cidadão livre e democrático, também cuidar e exigir de seus governantes os direitos, os benefícios comum da cidadania representativa.

Visto ainda as entrelinhas, o parágrafo concluso do autor do texto-e-mail mostra o caráter febril antidemocrático: a uma porque não assina o que escreveu e utiliza-se de SIC em frases partidárias ruins do passado com a clara intenção de comover o pobre e leitores leigos, com o instinto impiedoso da pieguice irracional. Querido amigo, leitores assim funcionais aparecerão de monte até as vésperas das eleições-2010, vai chover nas páginas da WEB a mesquinhez famigerada do homem politiqueiro do Brasil. Estejamos a postos.
In Verdades – 03 julho 2009

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Estimado amigo!

O médico. As maiores epidemias registradas pelos
historiadores foram a peste de Atenas, a peste de Siracusa,
a peste Antonina, a peste do século III,
a peste Justiniana e a Peste Negra do século XIV.
Olá meu nobre S. Honda, Que pecado! Atribuíram aos porquinhos a tal gripe suína! A carne desse animal é muito boa. Quem resiste a uma bisteca de porco com couve refogada, dois ou três torresmos, a uma leve pimentinha, a um feijão-preto cozido com apetrechos desse animal? Uma costelinha; então, puxa vida! Nenhum pouco mi dà fastidio. Que sabor! Veja só, pois, já li em algum manual de alimentação e saúde que o porco não tem nada a ver com essa tal gripe maldita chamada de "suína", pois a espécie é de uma outra natureza, assim como o rico frango do dia a dia, não tem a ver com a Gripe Aviária, o Hebola não tem nada a ver com o negro esfomeado das savanas africanas, o homossexual não tem nada a ver com o vírus HIV, nem com o macaco Hesus, presa da necessidade à sobrevivência do abandono capital ao templo da História.

Esses vírus malditos, as pestes, vêm e vão com o progresso ou com a decadência de alguns povos bizarros ou contemporâneos, egoístas, de castas arrogantes, que a cada intervalo à Era das civilizações editam a saturação da conveniência, da convivência aglomerada humana a uma nova e oportuna edição de extermínio - holocausto infeliz da própria razão dos tempos modernos -, como se assim fosse um antídoto, um remédio natural da Natureza pro Natureza.

A História nos ensina as grandes versões de epidemia entre os homens: A peste bubônica, a peste negra, as pestes asiáticas, a gripe espanhola, la mucca pazza, tão quanto malditas, os pedaços podres, necrosados de gente animais; dispensa-se os ratos, o resto das guerras da ignorância dos homens.

Pois é uma pena que o PORCO desta vez seja o bode expiatório, devemos ter cuidado sim, nunca remediar. Entretanto, meu querido companheiro, imagine só se os germânicos, os nórdicos, deixassem de comer a carne suína! Que tragédia essa saborosa carne sofreria, os alemães nunca mais seriam alemães, os suecos, os noruegueses, os finlandeses, e o meu prato germânico "Joelho de Porco com Choucroute", EISBEN ficaria somente na minha boa lembrança de muitas delícias. Estimado amigo, tomara que essa praga vá logo embora e deixe o nosso bonitinho e saboroso porco em paz, em boas mãos dos nossos grandes frigoríficos.
abraço, simao

In Verdades - 21 jun 2009

sábado, 27 de junho de 2009

Meu Caro Amigo!

foto de Brasília: um lindo Ipê amarelo no Planalto

foto de Brasília: Congresso Nacional. O "prato virado para cima" é a Câmara dos Deputados.

Olá, meu caro Tristão! É mesmo uma vergonha nacional à medida que cada dia podre do sistema democrático do Brasil é legitimamente mostrado aos seus co-cidadãos, de modo geral, isso é muito bom, pois se não fosse assim, não viveríamos numa democracia, diria semiplena. Entretanto, nesse caso da graxa nem a oposição da Câmara que é a maioria o PSDB, seguido o PMDB e DEM, tentou impedir tal licitação nojenta, esdrúxula porque, na verdade, todos os partidos teriam benefícios, não só mais brilho nos seus caçados gratuitos que recebem como a ajuda de custo como também na oportunidade de cada vez mais aumentar per si a verba graciosa de gabinete a cada um deles. “É realmente uma vergonha”, você tem razão.

De outro modo, hoje estive no cartório de protesto para pedir a certidão negativa da qual interessa à Loja: fiquei também muito triste pelo fato de que uma simples certidão custa R$76,40, uma outra "mais completa" custa ao cidadão R$152,80, para esses custos, cujo interesse do cidadão, constitucionalmente, é gratuito. Contudo, o Município e o Estado fazem questão de não perder a oportunidade de sobrecarregar, a pretexto de quaisquer circunstâncias, o tributo pago pelo cidadão sobre a arte de viver, em semidemocracia.

Meu caro amigo, é uma pena que o abuso de autoridade, a arrogância do poder do Estado, o desrespeito ao cidadão seja um leão faminto, um predador sem escrúpulo. Esteja certo, digno companheiro, de que a sociedade civil brasileira caminha, ainda que esteja engatinhando à Democracia plena, chegará a dias muito melhores. No entanto, infelizmente, é vergonhosamente a farra do boi a céu aberto do Brasil, porque, de algum modo, quem deveria zelar pela cidadania do homem democrático, hipocritamente, faz o contrário: chicoteia-a, humilha-a e denigre a imagem jovem da Democracia brasileira.

Por outro lado, fico um pouco mais feliz por ter essa oportunidade e a iniciativa de liberdade de expressão oportunamente nas imagens da sua sincera mensagem e respeito a sua indignação e protesto. Obs.: Adv. em questão pode ser uma militante sectária.
abraço, simao
In Verdades – junho 2009

quinta-feira, 11 de junho de 2009

foto: Família: Hirundinidae - Andorinha-das-chaminés
foto: in página da web

foto: in página da web
Se fosses tu o esperado, juro-te que eu não viria,
Chegaria cansado à espera tua e à toa o teu vício.

Horas perdidas

Vinte e nove de maio
Tenho em ti pensado
Ainda estou pensando
Muito disfarçadamente

muito
muito
muito
Tenho em ti me esquecido
muito
muito
muito
Muito pouco em ti em vão
Tenho me lembrado de ti
Não fossem todos esses
Bons pensamentos tortos

Me levado ao mesmo tempo
[Retorno] sazonável dispersas
Primaveras de aves outonais

Agora, entretanto, me diga:

Para quê são os pensamentos
Para aonde vão alheio todos os
Pensamentos andorinhas livres
Dispersas andorinhas vão-se as

Aves migratórias dos teus e dos
Meus pés moralistas de arrepios
São aves todas tristes enganosas
Gavião-céu faminto de lembranças
In verdades - 29 maio 2009

sábado, 30 de maio de 2009

Carcará, pássaro que "pega, mata e come, mais coragem do que homem, ..."

Nome científico: Polyborus plancuss plancus -
O carcará é um limpa-estradas. Come tudo o que acha, desde as carcaças de cadáveres ...

cobra-de-duas-cabeças no Cerrado - G1 globo.com -30 maio 2009
Animal, nativo de Goiás, apareceu durante obras de usina hidrelétrica.
Anfisbênios são grupos ainda pouco estudado de répteis.

Caro amigo, "quem conta um conto aumenta um ponto"

Veja, meu amigo, tem gente que ainda vê cobra de apenas duas cabeças lá Cerrado dos carcarás, não é essa uma visão de retrocesso dos fatos tão absurdos e tão reais? Pois saiba bem que essa gente esqueceu-se de olhar para outros cerrados tão quanto importantes com covas, 'ninhos' mais profícuos de cobras com três até quatro cabeças, dispostas e bem nutridas, perambulando por corredores ilustríssimos muito bem polidos ou acarpetados de vermelho 'não-tô-nem-aí-pra-vocês biólogos indiscretos'. Veja, por exemplo, se essa gente com olhos de biólogos, naturalistas eficientes que são, pudessem distinguir o bem do mal, que maravilha seria! Então, caberia assim a explanação desses demônios de deus: uma cabeça fica em casa, moradia paga pelo contribuinte, bem longe do Cerrado, sob o teto o conforto às presas farta e gostosas; a segunda cabeça nas assas do avião de lá pra cá divide os quinhões com filhotinhos bastardos à fantasia popular; a terceira cabeça, ah, a terceira cabeça! Essa sim, bem que poderia mais preocupar os biólogos naturais, pois assim vai à caça predatória ao Cerrado, bebe todas as águas dos oásis ilusões, as que sobraram do acaso, mas sob a profundeza das terras calcinadas, fazem-nas jorrar a custo caro, pago pelo contribuinte, trabalhador constante à manutenção do ninho das cobras à sobrevivência de biólogos menores, meros expectadores das duras realidades das caatingas, dos cerrados e dos sertões. Nem sobraram mais os carcarás, foram aos poucos, num processo perecível e curioso deprimente, todos comidos. Por necessidade os calangos vão à escassa, o mandacaru se esturricou; mas a função maior da terceira cabeça é alimentar as outras cabeças, pois não podem ficar vazias; a quarta cabeça, essa é a solidária populista, vem ao parlatório e mostra somente a quarta cabeça, bem corada e de pele trocada, renovada, antes do amanhecer, a público confessa que tudo isso é mentira de biólogos, essas são gentes, os biólogos, que caluniam que difamam que futricam e fazem do reino das cobras infundadas visões, são os oposicionistas esperançosos e otimistas do Sistema de Pindorama que se inflamam às mudanças, apenas às mudanças. É inveja, diz a cobra de duas só cabeças e de bocas grandes de sapo-cururu.
In Verdades - maio 2009

abraço, simao

sexta-feira, 1 de maio de 2009

foto: simao abril 2009
foto: simao abril 2009

foto: simao abril 2009
Arco-íris brilha na Zona Leste de S P (Foto: Michel B. Halkewitsch / G1) 14/04/2009

O meu nome!

Não sei, eu nunca soube dizer o meu nome!
Ainda que soubesse de nada adiantaria te dizer.
Mas por que te dizer o meu nome - mudaria o quê?

Uma vez quando de longe, lá do alto da mais nobre esperança,
Chamaram-me de tal fulano, quis tentar conhecer os ouvintes,
Havia tantos na mesma aflição. Não me dei conta do meu nome.
É possível que eu tenha perdido a oportunidade de me conhecer.

Pois nunca quis saber o meu nome – não o tenho. non natus!
Sabe de uma coisa, amiga! Chamam-me de tudo quanto sou.
Um anjo a quem devo humildades, por não lhe negar o amor,
Ainda assim, chamou-me de demônio. – Fiz-me de ridículo!

Tentei me explicar, mas não adiantou. – Sou um ridículo!
Chamam-me de demônio, nem assim, por tudo, não o sou.
Quando me sinto nada de ninguém, nem mesmo anjo mau,
Contrário a tudo, não sou eu o mais ridículo. - Sou?
In lembranças - 1° out 1996

Num velório do Araçá

Perdemos um amigo dos bons, sem o conhecer.
Ganhamos saudades eternas sem saber por que.
Quando acordamos de uma noite mais profana,
Nem a vida nem a morte se questionam, em jogo,
Está o processo definido, concluído, pois, quando
Se diz: saudade...

Um homem velho – Uma mulher!
Um homem novo – Moça – Uma criança!
E lágrimas, magoados risos de conversa-fora.
Respiro ao alheio frio inquestionável da noite
– Um homem diz: - Saudades! E se consterna.

Lá fora, em volta às vidas, continuam os automóveis.
Deparam-se, insultam-se e cigarros fedem queimados.
Pedintes me agradecem a vida a Deus. - Digo Amém!
Lamentos se transformam em orações ora pro nobis.
As lágrimas da moça bonita descem e sem pecados.

O rosto dela chora! Mas tudo aqui é noite-madrugada!
Tudo parece aqui frio e inerte – é campo acimentado.
Sob o céu não há mais um tempo enfermo – é frio!
In lembranças - 5 out 1996

domingo, 12 de abril de 2009

Kiko surfa na praia da Itanhaém, no litoral de São Paulo (Foto: Arquivo Pessoal)
- G1.globo.com -
A presença de muitas borboletas é um indicativo de que a floresta está bem preservada
porque elas são afetadas rapidamente por mudanças ambientais. (Foto: Divulgação/MMA)
Batizada de Krishna, a onça-parda tem dois anos de idade.
Como foi criada por pessoas desde os quatro meses,
ela não aprendeu a caçar e terá que viver em um criadouro conservacionista
em Santa Rita do Passa QuatroSP. Foto: Robson Czaban-Ibama/divulgação

Cego é você - se insiste com olhos abertos

Não fosse Deus a perdoar Eliana em culto fervoroso na cadeia da penitenciária de São Paulo, ainda restaria Marins a crer na inocência da delinquente de espírito marginal. Deus à pureza do perdão ouviu as preces da dona da Daslu, e aos ouvidos do advogado, do diabo, com qualquer justificativa legal, concedeu-lhe habeas corpus, pois, 94 anos de prisão, em primeira instância, para a ré tão cheia de convicções cristã, ‘jurou até que não prejudicaria mais, nem voltaria a delinquir’, ‘eu não represento risco para a sociedade’. Se voltasse à liberdade, seria justo necessário. Às Vias de fato: redefiniremos novos conceitos a julgar o mal pelo mal aos necessitados esdrúxulos, pois sonegar recursos ao Estado, ainda nenhum legislador entendeu que é tão pior igual quanto matar em discussão de trânsito e ou na faixa de segurança do pedestre nas ruas do Brasil. Claro que é! Pois se morre descuidadamente e aos pouquinhos a dor se desfaz, à míngua da segurança pública. A dor física, a carência é sempre uma dor, mas a necessidade são dos outros, desafortunados cidadãos.

Eliana é mais sábia na arte de lesar cristãos, menos fervorosos, incrédulos que se mantêm pobres à margem da Lei e sem sobrenomes, não deveria mesmo passar por privações presa junto a outros detentos condenados comuns. Essas outras criaturas prisioneiras da Justiça não foram ouvidas por Deus nem tinham advogados tão bem constituídos, pois, assim, não merecem ou mereciam a liberdade. Disse advogado de Eliana: - 'minha cliente não oferece risco à sociedade'. - Imagine-se só, se oferecesse! Não sobraria nenhum tostão a beneficiar as gestões públicas da cidade, dos municípios? Eliana e o irmão mais outros seis condenados à primeira instância a 94 anos de cadeia, também recorrerão em liberdade. Dizia Eliana enquanto presa: - 'eu sempre acreditei na Justiça Brasileira’, - outros diriam apenas: Deus é fiel.

Os argumentos pro habeas corpus foram vários, todos recheados de belas palavras, preenchendo as lacunas a olhos cegos da Justiça, à liberdade dos trâmites, ditos legais. Também ninguém sabe se vale a pena prender marginais, mutreteiros, velhacos, fraudadores das finanças públicas, sonegadores, pedófilos, políticos desonestos e safados, ‘roubadores’, ‘furtadores’ de galináceos em supermercados e em feiras-livres, traficantes ou pederastas; até papagaios verde-amarelos, brincalhões disfarçados de meliantes e pombos-correio delinquentes; pois, todos esses marginais se assemelham ao fato à delinquência, contudo, têm ‘os benefícios da Lei’. Entretanto, há um imenso grupo marginal sem privilégios, para alguns incrédulos a ‘Justiça brasileira’ não consegue a liberdade aos pecadores reles, pois não há tempo para arrependimentos informais. Apegam-se unicamente à Justiça de Deus de corpo e alma, e à teoria da divina salvação. Mas por má sorte ou despreparados à sorte a qualquer indulto divino que se cumpra a fé pública, somente, às vezes, não basta. Pois, então, esses os esquecidos ameaçam a ordem social.

In Cartas e contos - março 2009


terça-feira, 24 de março de 2009

Conto narrativo -

“Lago Coca Cola”, tem este nome devido a cor escura da água. PA
A 220 km de Belém - Salinópolis, Pará. Banhado pelo Oceano Atlântico
Encontro das Águas - Rio Tapajós com Amazonas - SantarémPA
Botos no Rio Amazonas

– Encontros casuais -

Eu havia agendado uma consulta médica ao cardiologista, hoje, 11 março 2009, quarta-feira de verão abafado e de nuvens que do céu ameaça chuva em temporais, águas que enchem os bueiros da cidade, alagam as ruas e carros e pedestres bóiam, iguazinho peixes mortos na vazão poluída dos rios intoxicados de esgoto caseiros, e de ventos que correm rápidos e derrubam árvores e sonhos e levam casas para baixo, colchões e as esperanças para as nascentes de rios muito longe de ninguém. São as águas de março, alguém disse, fechando o verão.

Subi ao terceiro piso, dei-me com outros pacientes, quase todos mais velhos do que eu nas aparências, entre senhores e senhoras e atendentes, respondi à ficha do meu cadastro, pois sempre tem a primeira vez a um médico diferente. Não me percebo doente a qualquer mau que não seja a outro da rotina da prevenção. Dizem que os homens depois de qualquer idade procuram médicos, de criança, de rotina ou da velhice, alguns homens encontram os seus curadores e curam-se. Outros, dizem os familiares, se encontram com os anjos no céu de Deus bem mais cedo e se dormem em vigília de ninguém profundamente.

Vindo aqui à cura da medicina, qual foi o mau que eu poderia ter me encontrado, e se já não o soubesse por antecipação de todos os diagnósticos desse martírio, ‘via crucis’, até o último diagnóstico, pois esse é o fado a todos os caminheiros. Pois, enquanto resistir-se ao tempo, à parede o entretenimento em tela LCD, cura eu terei, se observar e seguir os programas, os mandamentos, a farmacopéia e as dietas dos homens modernos. Agora é assim que se escondem as dores, em ondas magnéticas avulsas: apreciando rostos, uns descontraídos e felizes. Outros menos descontraídos, ou a uma melhor opção a música barulhenta, risos, jogos e prazeres profissionais terceirizados e ou as notícias dos mercados de ontem, de hoje e de amanhã, pois, principalmente, essas são as causas dos males progressistas modernos do movimento dos enfermos, agora em vírus virtuais.

Vou à janela do terceiro andar, vejo os transeuntes lá embaixo, uns cegos sem bengalas obcecados à espreita atropelando os distraídos. Outros cegos com bengalas tropeçando uns. Pedintes, molestando outros, camelôs na calçada da Estação do Metrô Santa Cruz. Vejo os condutores de gente, muita gente e automóveis que vão e vêm, todos à rotina das mesmas palavras que eu teria de dizer a todos, todos os dias. Mas não fosse necessário, pois, outros homens amanhã já não estariam entre nós, passageiros teimosos da empreitada ilusão do viver?

As horas passam em vira-voltas agitadas. Ao centro médico, a espera é longa, as pessoas se olham como quem quisesse adivinhar os males de quem também se disfarça em dores ou lembranças de agonia. Uma perdida na outra. A minha vez chegará, a minha aparência resistirá à espera da vez. Vejo os 'slides' que mostram os modos de viver mais felizes com as receitas culinárias da tarde e doces ‘diets’. Os olhos quase sem conversas. Atentos! Vem uma chamada, deve ser por ordem de chegada ou deve ser por ordem da emergência: fulano de tal...! - Ainda não eu.

Sinto como quem adivinhasse que as pessoas já estão cedendo ao tempo. A juventude do juízo agora se arrasta cansada, cada rosto é meu espelho, cada par de olhos de lentes, cada pele, em todos os cabelos brancos, guarda o tempo da espera. O relógio não para. Os corações param. E sob o efeito de remédios, quem sabe, bate a esperança à eficiência do técnico de manutenção das vidas. Os homens caminham à idade da história perecível, vão-se a longe os argumentos, os pensamentos a justificarem-se à razão, vão-se todos às nuvens escuras, às águas contínuas, que começam a cair do céu.

Insinuo-me, levanto-me, vou ao bebedouro, sirvo-me ao 'toilet'. Entre outras necessidades mais preocupantes aos meus interesses. Sai o médico à porta do consultório, não deve ter mais de trinta, logo pensei, mas me chamou a atenção. Ouviu o meu coração, tomou a minha pressão arterial, e na simpatia da idade promissora, perguntou-me da minha história com os males do coração. Contei-lhe dos irmãos, ‘dois safenados’, falei-lhe da mamãe com um histórico cardíaco fulminante à causa mortis há oito anos. Assim, o gentil médico me prescreveu exames de praxe. Nada de importante a preocupar-se, me tanquilizou. Volte-me, com os exames, conclusos.

Pois é assim que anda a vida, ora a procurar médicos, ora do coração, ora da cabeça, ora das mãos, ora dos pés, muita gente já procura médico da alma, clínicos de imediatos, 'sub judice' de Deus ao enfarte. Algumas vidas param por qualquer outro motivo. A roda-viva vai e vem sem ter lembranças de ninguém. Quinta-feira, 12 de março de 2009, Assim que cheguei do trabalho, às 18 horas aproximadamente, o telefone tocou. Notícia de tristeza, disse-me uma cunhada d’outro lado da linha, ‘a Sandra morreu’. Melhor dizendo, foi encontrada morta em seu leito, já com a versão da polícia de que fora o óbito a mais de 24 horas. Ironicamente, pensei: - enquanto eu procurava um cardiologista para me receituar, à minha casa, de família, longe do meu quintal, falecera a Sandra. “'Causa Mortis': Miocardiopatia Isquêmica – insuficiência coronariana aguda”, diz o laudo do IML -, minha estimada segunda irmã, falecidas. Saudades!

segunda-feira, 16 de março de 2009

ODE - lembranças naturais

Paturi - Mangal das Garças - Belém - PA (foto de simao - jan 2009)

Mangal das Garças - Belém -PA (foto de simao - jan 2009)

Mangal das Garças - Belém -PA (foto de simao - jan 2009)
Lago Verde - Alter do Chão - Santarém-PA (foto de Ronaldo Ferreira)

Lembranças naturais

Foram-se os meus pertences espalhados nos teus braços. Vão longe de mim as alegrias e as amarguras desse tempo de lis. Então, restaram-me os teus desalentos e os teus desencantos, e os gritos roucos das supostas realidades.

Em ti, o dia já é noite, e nessa visão cretina escurecida em sucessivas noites, estranha ilusão mirante da enfadonha certeza de teres um dia nascido ícone e sozinha de mim, ainda não me assegura.

Hoje, vejo-te desidratada, transformada e seca e senão de ‘engelhadas tetas’ em tristes véus dos pensamentos. E passarão às vias – patética passageira – as ilustres horas frias - poentes em fins de tardes - das longas noites de ninguém.

Passarão meninos e meninas e todos os passarinhos também passarão por alegres estradas. Ficarão no céu sobre os tetos dos arranha-céus as nuvens, caras de todos nós. As aves grandes renitentes tomarão os teus abraços a saciarem-se da sede e da fome rotineira in natura dos caules das árvores, brotos verdes, e do nada mais. - Foste o fim, - eu fui o começo, gênesis deste absurdo cenário palco – estágio noturno e natural das tuas lembranças.

Nada mais supões de mim tanta certeza. Assim, estreitos laços caminham alheios, - eu caminho aos despeitos arredores dos rios, dos campos verdes às cinzas poluídas dos a fins acasos das outrora manhãs.

Mas se na juventude foste o meu desejo, a tenra idade da paixão, aquecemos-nos ao mundo à incoerência, à rotina ancestral dos tempos contínuos, antes de tudo e do fim da realidade real, ‘o lado de fora do sonho’ - ainda somos nós.
Homenagem a Sandra - querida irmã - março 2009

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Encontro atemporais

foto do jardim crianças - Museo Ipiranga -SP -jan 09
Vista do Museo do Ipiranga - SP -jan 09

Vista do jardim - Museo do Ipiranga -SP - jan 09

Vista do jardim -Museo do Ipiranga -SP - jan 09

Nos jardins dos monumentos
Voam uns passarinhos tontos
Homens casais solitários trotam
Mais parece equino

Plantas coloridas em verdes
Mudas parecem desculpadas
Labirinto perdido de crianças
Nuvens d’água fonte de verão

O parque me lembra um clássico
Arquitetônico e harmonioso da fé
Um palácio centenário de remoto
Em França colonial dos Impérios
- Nunca foste - nunca fui a Paris

Mas não é tarde – nunca é Tarde e
Ainda há luzes brilha - vivo em Paris
Homens mulheres correm no jardim
Meninos meninas aquecem a tarde

Quê será de ti sem mim e sofro-te
E não posso reanimar-te e sofro-te
Ardo-me, o quê será se todos assim,
Se não fui o teu desejo à tarde o fado

Espelho do mundo me envergonha
Flores nos parques vão-se o verde
Pálidas são todas as flores - tristes
São todos os lares bancos arrimos

Em volta todos os homens são raros
A desmerecer o tempo oco dos pardais
E dos bem-te-vis e pombos desumanos
Sujos - sujos pombos à beira das fontes
Cria lodo o meu descaso - Tarde demais!

In Verdades - jan 2009