quarta-feira, 12 de março de 2008

Não me fale! - 87

Foto: G1 globo.com - Salve a Amazônia - mar 08
Não me fale
Dessa dor justo agora — eu não suporto!
Não me conte nada desse amor sublime
Outrora posto à prova ao fogo ardor
Suspeita esperança muito embora
Seja plácida a hora de um canto livre
Sem rancor — justo agora
Eu não suporto!

Não me atenha a teus desejos
Irresponsabilidades mais nobres
Do tempo e das dores nos ares
As árvores secam no outono
Trazem pro chão árido
Ninhos de aves doentis
Não me queiram mais infeliz!

Pois nada eu nunca fiz
Lar doce reino infeliz!
Não me conte da tua dor
Justo agora — eu não suporto!
Ver teus ais embalsamados
Ver teu leito difamado
Odores horrendos exalados
Multidão à margem desgraçada

Então infâmia blasfêmia injustiça
Martírio... Ó nobre dor!
De homens modernos e em vão
Vença a minha angústia
Egoísta e sem propósito
Estou covarde — justo agora
Eu não suporto!
In Janelas abertas - 1ª ed. nov 2007

3 comentários:

Ana Luar disse...

Prometo que não falo... Prometo!

Anônimo disse...

Olá, querido Simão, vim dar um espiadinhha nos teus textos ricos, uma fartura de significados - olhos dos cães olhos dos símios.

Parabéns!

beijos...
tua fã.

Anônimo disse...

Simão, um belo texto, além da foto do macacos em extinção, da tua Amazônia ... estou nessa!

um gde. abraço,
Vicente