sexta-feira, 4 de julho de 2008

Cerejeiras - flores brancas

Washington _ C_ D.C._ Tridal_ Basin _ Cherry_ Trees

Existem pedras estúpidas e teimosas paradas
No meio dos caminhos.

As que não descem nem sobem ladeiras mais longas,
Porque não têm pressa.

As que não sabem andar e ainda são ingênuas criaturas,
Porque não aprenderam andar sozinhas.

As que têm as pernas tortas e são muito dependentes,
Porque corre o risco da fratura iminente.

As que por natureza muito antiga petrificaram em fósseis,
Porque inúteis perderam o elo da esperança.

Vai longe caducando a pedra branca dos cordeiros fiéis.
Da espera o peregrino bate a cabeça em sangue da dor.

Lamenta-se pra mais espera ou pra menos se desespera,
Porque existem pedras mumificadas nos caminhos.

Deixa-se de lado o que não foi da simples vontade do interesse,
Mas da fé, ignorar-te, nem tanto não lamentas.

O que será de ti quando não houver mais fé em pedras brancas.

Caaba todos os dias se acaba em lamentação e mea culpa,
Distancia-se e torna-se escura.

Meca de Adão aos homens de Abraão, ilustres visitantes dos
Tempos, mas pedras duras no meio dos caminhos.

E batem à testa, batem ao peito a mea culpa de nós.

Eu não seria o mais incrédulo a confirmar o desencanto do Real,
“Eis-nos aqui, ó Senhor!”

Os Arautos do Evangelho, solidários à vontade tua Cristão,
pois
Colhemos flores e também os espinhos dos campos.

Caminhemos, avante! Subamos as ladeiras.
Rolemos abaixo as pedras do meio dos caminhos.

In Verdades - julho 2008

5 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro amigo, Simão, fico pensando sempre nas suas metáforas quando leio os seus poemas: da garça branca, da árvore colorida, da baleia orca, do menino só menino e da cerejeira de flores brancas; "Eu não seria o mais incrédulo a confimar o desecanto do Real 'Eis-nos aqui, ó Senhor'", meu bom amigo professor, sua poesia é universal.

um grande abraço.
A. Marquez

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

Poeta das palavras enfeitadas e cheias de encanto e magia.Amei!
Fiz postagem nova, se tiveres tempo apareça por lá, será sempre muito bem vindo.Um grande abraço

Anônimo disse...

Meu caro amigo, sua poesia é otimismo, é desencanto, é uma grandeza da alma, pois, logo abaixo, dizes entre aspas que "somos seres cheios de paixão..." valeu a minha visita sentindo as tuas palavras, muito lindas!

bjs. Rosamaria

Vanuza Pantaleão disse...

Entre A ORAÇÃO E A POESIA...e, de novo, Drummond me sussurra ao ouvido:"Havia uma pedra no meio do caminho/No meio do caminho havia uma pedra..."
Já se faz tarde, até amanhã!

Anônimo disse...

Meu amigo, bela poesia e belas palavras, pedra no caminho sempre haverá, mesmo assim vamos pulando uma a uma, até encontrar o campo das flores...

gde. abraço