segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Espanto! 90

Fotografia: in Olhares.com

Eu estava diante do espelho
Bonita e bem humorada
Meus lábios vermelhos
Bonitos e ardentes
Meu sorriso malicioso
(Meus dentes)

Eu havia renovado meu guarda-roupa
Pus-lhe roupas novas
Troquei-o de lugar
Fi-lo estratégico
Fi-lo ousado

Passou por mim um anjo torto
Que parou frente ao espelho
Mirou-se e piscou-se
Viu-se encantado e
Quebrou-se

Apagaram-se as luzes
Caíram meus cílios longos
Meu ruge se derreteu e
Manchou o meu rosto pálido
Fui estúpida e chorei sem pudor

Bateram-me à porta
Tantas vezes insistiram-me
Tive pena — nua de mim
Meus sapatos virados
Riram-me e riram-me — bonita!

Quando me tornou a luz
Minhas peças eram novas
Meus olhos azuis — felinos
Meus dentes — marfins
Meu ruge e baton por fim
In Janelas abertas - 1ª ed. nov 2007

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá, simão! você sempre me surpreende, da filosofia rude, sem tempo certo, da clara evidência sem máscara e agora este lirismo do eu feminino... gostei bastante.

um grande abraço.

Anônimo disse...

Olá meu amigo poeta.
Belissima poesia.
Como se fosse música, outro tipo de música,"en cantos" aos olhos e ao coração.
Adorei!
Obrigada pelo carinho.
Abraços
flor

Anônimo disse...

Oi, Simão, muito legal esse poema. alguém já disse que parece música diferente, eu acho que poderia ser também uma peça encenada e cuja platéia fosse os atores...
Legal! adorei!!!

bjs.

Anônimo disse...

olá! simão, muito interessante essa poesia, achei um tanto viva de hoje e de todo dia. è isso mesmo; poesia de-todo-dia.

beijinhos, alice