quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Cavaleiro

Pq. da Aclimação 2007 - São Paulo-Br.
Continua o clima do universo tempestivamente fiel
Rigorosamente absoluto como a eternidade mais nada
Vaga noite sem hora certa avulsa e pulsa indiferentemente
Descabida ao compasso dos meus pés descalços e sujos e
Cansados e mutilados das desilusões

Irmão dos meus encantos oculares
Ficaram meus sonhos retidos no mito
Perdidos na nitidez patética da emoção
Hoje regresso como o inverno regressa da
Estação sem rítimo certo e mais frio

Ainda assim, recorro a tua magia
Corro invencivelmente à beira mar
À beira luz, à beira areia branca
Espumas flutuantes do mar sem-fim

Nada disso me devolve a tempestade
Idolatrada de viver — nada disso me recua
Mas a amargura empurra a consciência dolorosa
Insólito ser

Ficamos assim... E entre quatro paredes transparentes
Visto como um outro ente inferior das horas mortas
Visto como um suposto argonauta desse idôneo abissal
Visto como um astronauta desse tempo perene

Perfeito paladino Dom Quixote
Estúpido e leve e incessante
Ainda assim não serei o último
Nem o primeiro cavaleiro a bradar
Arriba! Arriba!

Todos nós Cervantes!

In Janelas abertas - 1ª ed. nov 2007

Um comentário:

Anônimo disse...

Simão, bem lembrado Dom Quixote,paladino que é contemporâneo, muito atual, nesses tempos de brincalhões políticos. Não se deve esquecer dos "quixoteiros" e por que não dizer do Brasil e da história mais recente do mundo? A Foto é perfeita, Cavaleiro Inexiste - "Agilulfo Emo" do I. Calvino.
gostei muito das imagens, abraço.