sábado, 5 de janeiro de 2008

Enfadonho

Cansei de ler poesias, porque as poesias são
Palavras doces que, às vezes, se me confortam,
Outras vezes, muito mais me entristecem.

Os versos dão sempre no mesmo tom, as metáforas gritam
Roucas e tanto exageram àquilo absurdamente sabido e cansativo,
Mais parece trovão em céu escuro partido ao impossível do nada.

Palavras, nomes que me deram das coisas que não acontecem nunca.
Substâncias, substantivos, adjetivos me deram e muito me sobram em vão.
Verbos gritam em tempos viciosos e hábitos abundantes me sugerem solidão.

Os versos são males que chegam assim de distantes e dolorosos se instalam,
Muitos adormecem no peito e câncer sofrido me cansa em tabuleiro de vencidos
medíocres e incontestes sem nenhuma palavra viva.

Incontinenti se posta peões, cavalos e torres a proteger Bispos malvados incrédulos
e doentes, Rainhas arrogantes, entretanto, tristes e sós discípulas enfadonhas
de déspotas vencidos.
Sem Poesia, verdade nenhuma.
In Verdades - set 2007

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